05/11/2010

VIDA FUGAZ

Tudo o que diz respeito às questões sobre a nossa relação com as coisas transcendentes – crenças em Deus, entidades espirituais, vida após a morte – faz parte da busca espiritual, uma necessidade de todos nós. Essa jornada é fundamental para a felicidade das pessoas.

A busca espiritual começa com a percepção da impossibilidade de escapar da morte. Muitas alternativas são oferecidas para lidar com esse desconforto. Diferentes religiões pregam a possibilidade da vida eterna ou de sucessivas reencarnações. A idéia da morte fica adiada e uma outra vida nos é oferecida. Este consolo ajuda a maioria das pessoas a enfrentar a dor ocasionada pela perspectiva da morte.

Sentimos, também, necessidade de entender o significado da vida frente à certeza do fim da existência. Há duas coisas que a morte ensina de imediato. Uma: se a vida é tão fugaz, todos os acontecimentos terão uma importância limitada, pois em pouco tempo as pessoas que os viveram estarão mortas. Outra: sendo a vida tão curta não há tempo a perder com mesquinharias.

Temos pressa em saber o que realmente é importante para nós para que possamos nos dedicar de forma plena. É fundamental conhecer os nossos valores essenciais e, se necessário, repensar a validade de cada um deles

2 comentários:

Zu disse...

Dr. Py, me permita discordar. Não acho que essa jornada seja fundamental para a felicidade das pessoas. Uma pessoa sem religião nem sempre é uma pessoa infeliz.
O Fernando Henrique Cardoso - assim como muitos outros - é ateu. Nem por isso parece triste,deprimido,sem metas ou objetivos de vida.
Tenho a nitida impressão que felicidade é genética. Se temos pais felizes e carinhosos somos assim, se os pais forem deprimidos, tristes e neuróticos, teremos essa genética também.É muito difícil lutar contra a genética e não consigo associar religião a felicidade. As pessoas religiosas que conheço deixam muuiito a desejar em todos os quesitos: Compaixão, amor ao próximo, um pouco de desapego ao dinheiro etc...Quando questionadas sobre o pq de tanta teoria e tão pouca prática dizem que estão tentando melhorar e que ninguem é perfeito. Concordo plenamente que ninguem é perfeito mas pessoas que não saem da igreja e fazem estudo biblico toda semana deveriam ser um pouquinho melhores do que as pessoas de fora desse meio. Dificil...
Abs.

Luiz Alberto Py disse...

Oi, Zulma. Existe uma diferença crucial entre espiritualidade - que é o assunto do qual estive falando - e religião. Geralmente a religião funciona como um empobrecimento da espiritualidade, pois muita gente delega para a religião uma relação mais íntima e profunda com sua própria espiritualidade. Isto torna a relação com a espiritualidade em uma coisa mecânica, rasa e estéril.
Quanto a ser ateu, isto não impede a pessoa de ser espiritualizada. Deus não tem necessariamente a ver com espiritualidade. Deus pode ser apenas uma forma de procurar explicar a vida e o universo. Portanto, não acreditar na explicação chamada Deus, nao impede que a pessoa valorize sua espiritualidade.
Em relação à felicidade, claro que em tudo o que é vivo existe fatores genéticos, mas a felicidade se constrói. E se constrói a partir da noção de que felicidade é um fenômeno interno diferente de alegria que é uma reação ao que acontece conosco, externamente.
Qualquer hora vou postar alguma coisa mais sobre isto, extraida de meu livro "A felicidade é aqui".