26/10/2010

O ESPELHO IMPLACÁVEL

Muitas pessoas gostam de nos dar palpites a respeito de nossa pessoa e de nosso comportamento, o que, por vezes, pode ser extremamente irritante. Existem duas formas radicalmente opostas de nos posicionarmos em relação às opiniões alheias sobre nós. Uma é descartá-las como pouco importantes; outra é nos deixarmos oprimir por elas, segui-las e obedecer ao que os outros acham sobre o que somos ou sobre o que fazemos. Ambas alternativas pecam pelo extremismo. Podemos encontrar uma forma de nos relacionar com a visão que os outros têm de nós sem nos deixarmos reprimir e sem tampouco desprezarmos a contribuição que nos esteja sendo oferecida. Porém, por vezes, em função de termos ficado traumatizados com o excesso de palpites dados sobre nossa vida durante a adolescência, que é uma fase em que os jovens conflitam muito com os adultos, sentimos dificuldade em sequer escutar o que os outros têm para nos dizer.

A opinião alheia funciona como uma referência que nos permite saber como estamos sendo percebidos, da mesma forma que um espelho nos mostra como é a imagem física que as pessoas têm de nós. Quando ouvimos com atenção, isenção, e sem preconceitos, o que as pessoas têm a dizer sobre nós, aprendemos coisas que ainda não sabemos e recebemos preciosas informações sobre como nos mostramos para o mundo e sobre como o mundo está nos vendo. Comparar diversas opiniões nos ajuda a não ficar presos apenas a uma visão particular que pode estar distorcida e nos permite ter um conjunto de observações que podem nos guiar em um processo de auto-aprimoramento. Outro elemento fundamental para o bom uso das observações alheias e cuidadosa avaliação da qualidade das opiniões é a confiabilidade de quem as formula. Isso porque, assim como existem pessoas cuja opinião vale à pena escutar, existem outras cujas opiniões merecem ser completamente ignoradas. Entretanto, é preciso lembrar que mesmo estas pessoas podem ter, em determinadas ocasiões, informações interessantes para nos passar.

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