27/09/2010

SEM MEDO DE SER FELIZ

Quando sentimos algum temor, a melhor maneira de superá-lo é ter calma para pensar sobre o que estamos receando, como apareceu o medo e que perigos corremos. Um recurso bastante eficaz para nos ajudar a tomar conta de nossos temores é a avaliação racional do medo que sentimos. Uma técnica que pode nos ajudar muito consiste em explorar a diferença existente entre o perigo possível e o provável.

Ao nos defrontarmos com uma situação de pânico, a pergunta a fazer é: qual a real probabilidade de acontecer aquilo que estou temendo? Convém lembrar que praticamente tudo é possível, mas nem tudo – ou quase nada – é provável de ocorrer. Um exemplo prático: medo de sofrer um desastre quando se anda de avião. A probabilidade de que aconteça um acidente é muito baixa e, portanto, é pouco provável morrer em um acidente aéreo. Neste caso, o medo não é razoável, pois se refere a algo possível mas altamente improvável. Só precisamos ter medo do leão se a jaula estiver aberta, ou quando sabemos que o encarregado é irresponsável.

Em psiquiatria costuma-se incluir entre os sintomas de paranóia o fenômeno do temor de que algo pouco provável aconteça. A diferença entre o medo normal e o medo paranóico consiste exatamente no fato de que normalmente devemos temer apenas o que é provável, ao passo que quando reagimos de forma paranóica sentimos um medo difuso e amplo que engloba qualquer coisa possível de acontecer. Diversos autores já comentaram que a única coisa que se deve temer é o próprio medo, pelas conseqüências negativas que ele exerce sobre nós. O medo nos torna piores, mais frágeis e amargos e nos paralisa atuando negativamente sobre nossa capacidade de realização.

2 comentários:

Zulma disse...

Caro Dr. Py, o sr. não pode imaginar como me ajudou com uma simples frase - temos que ter medo do provável, não do possível, já que tudo é possível.
Eu escrevi há algum tempo atrás no seu blog, sobre as fobias do meu marido e meus medos reais, achando que eu era ótima e ele - embora médico, bem sucedido e atuante era quase "doente" por ter algumas fobias.
No meu modesto entendimento as fobias eram muito mais graves que meu medo das coisas reais e possíveis de acontecerem.
Quando o sr. me disse que devemos ter medo do provável e não do possível, pois tudo é possível, foi uma luz para mim. Parece que entendi todos os meus medos em dois segundos e à partir daí todas às vezes que sinto medo me pergunto se estou com medo de algo provável ou possível. Se for apenas possível, desencano.
Fomos à Espanha há quinze dias e fizemos um vôo horrível. Todas as vezes que a turbulência era muita eu pensava: é possível mas não é provável, então vou relaxar. Isso foi ótimo para mim.
Descobri que sou muito medrosa embora não tenha nenhum tipo de fobia.
De qualquer forma o sr. me ajudou muito.
Obrigada.

Zulma disse...

Dr. Py, boa viagem!
Aproveite suas férias!
Abs.