24/09/2010

QUESTIONAMENTO PERMANENTE

Certezas absolutas e verdades inabaláveis fazem parte do repertório das mentes infantis e juvenis. As lições de vida costumam ser oferecidas às crianças de forma muito autoritária e radical. Comumente, pais e educadores formulam conceitos prontos, idéias preconcebidas, e os apresentam aos jovens como verdades absolutas e inquestionáveis. A criança vai crescendo acreditando que os adultos tudo sabem, mas aos poucos vão percebendo que a verdade não é exatamente essa. Na puberdade, em um movimento natural e espontâneo, os adolescentes começam a desenvolver uma saudável desconfiança sobre o que lhes foi dito e o que aprenderam ao longo dos primeiros anos de vida. Questionam e tentam refutar os conceitos que lhes são apresentados e iniciam um processo de revisão de conhecimento e de códigos, morais, éticos e estéticos.

É lamentável que, na maioria das pessoas, este processo de questionamento e revisão perca o fôlego na medida em que os jovens vão se tornando adultos e novas preocupações dominam suas vidas. No começo da idade adulta vai ocorrendo um processo de cristalização de conhecimentos e conceitos, processo que ajuda as pessoas a solidificarem seus pensamentos, o que, nessa fase da vida, contribui para um melhor posicionamento frente às recentes dificuldades existenciais que se apresentam. Dizia o escritor inglês William Somerset Maugham (1874-1965) que os homens fracos se esforçam exageradamente para nunca mudar de opinião.

Envolvidos nas novas demandas da vida, os jovens adultos deixam de dispor de tempo para a reflexão investigativa e para continuar um processo de revisão de conceitos que deveria ser permanente. É desejável que, caminhando em direção à maturidade e à sabedoria, cada um de nós mantenha ou recupere a capacidade de mudar de opinião e de aprender com as novas experiências. É importante que todos nós consigamos um tempo de isolamento e reflexão, para retomarmos as reavaliações tão intensas da juventude.

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