19/07/2012

Relações amorosas I

Nas coisas do amor, homens e mulheres convivem enfrentando dificuldades relacionadas com o fato de que a atitude de cada sexo para com a vida afetiva é bastante diferente, por vezes até oposta. Daí a razão das queixas, tanto de homens quanto de mulheres, sobre a dificuldade de entender o parceiro. Um tradicional exemplo: enquanto as mulheres tendem a ser monogâmicas, opostamente os homens apresentam tendência à promiscuidade. Tal padrão de comportamento ocorre sistematicamente em quase todas as espécies animais, incluindo mesmo os insetos. Uma nova ciência, a psicologia evolucionista, dedica-se a observar e explicar fenômenos como este e tem contribuído para uma revisão radical das ideias tradicionais sobre a natureza humana, nosso funcionamento mental e emocional, bem como sobre nosso comportamento. A psicologia evolucionista se apoia no conceito darwiniano da sobrevivência do mais apto, enfatizando que a sobrevivência genética depende de uma específica aptidão para a reprodução. Quer dizer, o mais apto para sobreviver é geralmente o mais forte, o mais inteligente, o mais ágil. E o mais apto para reproduzir costuma ser, antes de tudo, o mais ativo sexualmente e, principalmente, o mais capaz de proteger e ajudar seus descendentes a crescerem, sobreviverem e se multiplicarem. As bases da psicologia evolucionista foram estabelecidas pelo geneticista britânico A. J. Bateman (1919-1996), e pelos biólogos americanos George Williams (1926-2010) e Robert Trivers (1943). Eles observaram dois dados essenciais nos padrões de reprodução. O primeiro é que o legado genético dos machos depende da quantidade de fêmeas com que eles cruzam. A implicação deste achado é clara e simples: a seleção natural estimula "uma avidez indiscriminada nos machos". O segundo é a importância da atenção dos pais para com seus filhos no aumento da probabilidade de sobrevivência destes. Dado o fato de que a reprodução depende de uma extensa atividade sexual por parte do macho (quanto mais fêmeas ele fecundar, mais seus genes sobreviverão nas gerações vindouras) e da possibilidade da fêmea encontrar apoio e proteção dos machos – principalmente da parte do pai de seus filhos – para cuidar da prole, tais características fazem parte da carga genética que inevitavelmente estará mais apta a ser transmitida. Isto nos leva a concluir que a fêmea interessada por acasalamento estável levará vantagem na transmissão de seus genes, enquanto que o macho será mais bem aquinhoado quanto mais promiscuamente se comportar. Naturalmente, existe um nível ótimo de promiscuidade, a partir do qual o macho deixa de ser um eficaz transmissor de seus genes, por não ser capaz de cuidar adequadamente da extensa prole que terá gerado. O macho que gera dez filhos malcuidados, dos quais poucos sobrevivem e mesmo assim de forma precária, transmite seus genes com menos eficácia do que o outro, que gerando apenas dois ou três filhos protege-os e os ajuda a crescerem e se tornarem também reprodutores mais aptos. Portanto, enquanto o sucesso do macho quanto à sobrevivência de seu patrimônio genético depende de seu impulso para a poligamia, o sucesso da fêmea depende de sua capacidade e interesse pela escolha do melhor macho possível para cuidar de seus filhos, o que tenha mais aptidão para manter uma família estável será mais valorizado. Estes dados científicos são úteis em nossas relações afetivas por nos ajudar a entender que as diferenças instintivas e primárias de comportamento entre homens e mulheres são geneticamente determinadas e não dependem tanto quanto se costuma acreditar da cultura e da educação. Por isto mesmo, cabe a cada um de nós desenvolvermos compreensão e paciência para com as características psicológicas do sexo oposto, apesar delas tanto nos irritarem. Sabendo que elas são instintivamente determinadas teremos mais possibilidade de encarar com boa-vontade o comportamento dos parceiros, o que facilitará a estabilidade de nossas relações amorosas. E também teremos a possibilidade de interferirmos com a razão e a vontade para não ficarmos escravos de nossas inclinações instintivas.

2 comentários:

ARKA2 BIOSSISTEMAS disse...

esta visão institiva é muito chata. No dia a dia, isso não acontece desta forma.
Inclusive , se formos ver, o fato da sexualidade não poder ser definida mais em termos de sexo, vemos mulheres caçadoras e homens domésticos, gays, etc...
Estes dados científicos aconteceram no passado remoto...nas cavernas, quando habitávamos os cumes das arvores.
Na minha opinião, este papo de transmissão genética esta muito mais para aliviar as mentes moralistas dos homens que querem tranzar com todo mundo e precisam controlar suas "femeas" impedindo-as de fazer o mesmo e se tornarem uns "cornos"!
elas são doméstica???eles são caçadores??? E a executiva que trabalha 24 horas? a presidenta da republica? são domésticas? como elas vão encontrar um parceiro adequado? talvez um homem feminino que goste de ficar em casa cozinhando..Pasmem..isso existe!!!

Enfim,caçadores, atualizem-se...percam a culpa, liberem suas fêmeas das prisões domesticas e bola pra frente que atraz vem gente!

Fátima disse...

É, então Caetano Veloso não está tão certo qdo diz na sua canção "Homem": "Não tenho inveja da fidelidade/Nem da dissimulação./ Só tenho inveja da longevidade e dos orgasmos múltiplos." Ou seja, não deveria ter inveja do gozo feminino, pois, transando mais e com mais parceiras, por instinto, como afirma, PY, os orgasmos masculinos se multiplicam. Até nisso as mulheres ficam atrás.
Na próxima vida, se é que existe, quero nascer homem.