Luiz Alberto Py

PLANTA RARA

A necessidade de trabalhar em grupo foi fundamental para que as civilizações pudessem se desenvolver. Isso foi possível graças à capacidade humana para construir amizades. O reconhecimento do próximo como irmão nos permite um estreitamento do relacionamento, o que é fundamental para o desenvolvimento dos sentimentos fraternos.

A fraternidade apresenta-se de duas formas típicas e facilmente observáveis em irmãos: a rivalidade e a solidariedade. Enquanto a primeira manifesta os sentimentos agressivos e competitivos próprios de todos nós e que precisamos aprender a dominar, a segunda, reflete a capacidade de identificação que nos ajuda a olhar os acontecimentos da vida dos outros como se fossem da nossa própria vida, possibilitando-nos alegrias com os sucessos alheios e tristezas com os infortúnios daqueles de quem gostamos.

Todavia, a amizade profunda, entre duas pessoas que se querem bem e se conhecem há muito tempo, é rara e, por isto mesmo, deve ser cultivada com carinho e empenho. Talvez seja mais difícil encontrar um bom amigo do que um bom parceiro para o casamento, porque a parceria matrimonial é facilitada pelo desejo sexual e pela vida em comum, enquanto que a amizade fundamenta-se apenas na camaradagem e na confiança recíprocas.

Para cultivar bons amigos é imprescindível aceitar as limitações de cada um e ser capaz de retribuir a afeição e dedicação recebidas. Por vezes, um excelente amigo tem determinadas dificuldades impossíveis de serem superadas. O amigo prestativo em uma situação, pode ser inútil em outra. Por exemplo: uma pessoa doente e internada num hospital pode contar com as visitas freqüentes e solidárias de um amigo e com a ajuda financeira de outro, mas se esperar obter ajuda financeira do primeiro e companhia do segundo pode se frustrar. Usufruir e manter uma amizade depende de saber o que se pode esperar do amigo, e não querer dele mais do que ele é capaz de oferecer.