22/10/2010

PAZ, REALIDADE INTERNA

Um dos fenômenos mais interessantes da evolução das espécies no nosso planeta foi o surgimento dos animais de sangue quente (aves e mamíferos), cientificamente denominados de homeotérmicos. Estes seres são diferentes dos peixes e répteis, que são pecilotérmicos, ou animais de sangue frio, como são comumente chamados. A temperatura interna dos animais homeotérmicos não é alterada pela temperatura à sua volta. Ela pode variar de um frio intenso a um calor brutal sem que a temperatura do corpo se altere. Tal adaptação evolutiva permite que um animal possa viver em diferentes regiões do planeta sem estar impedido pelas diferenças de temperatura, como ocorre com os habitantes mais antigos da terra.

As pessoas podem e devem ser emocionalmente “homeotérmicas”, no que diz respeito à sua capacidade de conviver com as mais diferentes “temperaturas” externas. Temos condições de nos manter inalterados mesmo quando em torno de nós se desencadeia uma tempestade afetiva, com grandes altos e baixos. Esta capacidade existe de forma latente em cada um de nós e, aprimorada, assegura nossa sobrevivência mesmo nos piores momentos. Como está escrito no Bhagavad Gita – antigo poema místico indiano de autoria desconhecida, que trata da relação com o Divino -, a paz interior está além da vitória ou da derrota. Quando tudo ao redor parece apontar para a destruição, ainda assim podemos ser capazes de nos conectar com a felicidade – esse regulador interno que mantém alta a nossa temperatura mesmo nos períodos mais gelados e tristes de nossa vida. E que nos permite conservar a frieza e a paz de espírito mesmo quando o calor da violência e do ódio esquenta o mundo inteiro.

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