13/09/2010

A SEDE DA ALMA

Um fenômeno comum a quase todos nós é o medo do que nos é estranho. Isto nos leva à tendência a temer – e a partir deste temor, a odiar – o que é diferente e desconhecido. Tudo indica que o ódio é sempre fruto do medo, porque as coisas temidas nos despertam o desejo de nos livrar delas, chegando, quando o julgamos necessário, até a aniquilá-las. O ódio, além de mobilizar nossa violência, é fonte de preconceitos e de intolerâncias. As coisas desconhecidas geram receio porque temos tendência em transferir para elas tudo o que nos assusta, começando pelos fantasmas infantis que continuam a povoar nossa alma mesmo depois de nos tornarmos adultos.

Só conseguimos nos livrar deste tipo de medo e de suas conseqüências nefastas quando nos conscientizamos de sua origem e trabalhamos no sentido de desmistificá-lo e de substituí-lo pela curiosidade. A curiosidade é uma reação instintiva característica, que estimula em nós o desejo de conhecer e de aprender. É uma importante qualidade para todos nós e foi fundamental na construção da civilização, dando origem à ciência e possibilitando à tecnologia seu fenomenal desenvolvimento. É ela que nos leva a superar o medo do desconhecido e nos impele a nos aproximar de tudo que nos é estranho para saciarmos o desejo de conhecer. A curiosidade é nossa melhor qualidade para sobrepujarmos o acovardamento e a paralisia que o medo nos provoca. Como disse o pensador inglês Samuel Johnson (1709-1784): “Curiosidade é a sede da alma.”

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