12/08/2010

AUTORITARISMO

Algumas pessoas sofrem de uma deficiência em sua formação psicológica que se pode chamar de mentalidade autoritária. Elas têm dificuldade para desenvolver raciocínios e, por isso, preferem pensamentos já prontos e frases feitas. Detestam mudar de idéia e reexaminar seus conceitos, aos quais se agarram como um náufrago à sua tábua de salvação. Elas confundem palpite com conhecimento e, ingenuamente, gostam de acreditar que suas opiniões expressam e representam a realidade. Adoram impor suas idéias aos outros e simpatizam com a noção de que as autoridades deveriam ter poderes sobre as escolhas pessoais dos indivíduos.

Essas pessoas geralmente simpatizam com ideologias – como o nazismo – que manifestam desprezo e desrespeito pelo ser humano e que determinam que o Estado deve estar acima do cidadão. Elas incentivam e buscam desenvolver uma relação truculenta das autoridades para com os cidadãos; e valorizam as atitudes punitivas ao lidar com erros e deslizes. É difícil tratar as pessoas que sofrem de mentalidade autoritária, pois tais doentes não se reconhecem enfermos e rejeitam qualquer espécie de ajuda. Por vezes, algumas pessoas com essa deformação mental conquistam algum poder como funcionários públicos ou como políticos. Tornam-se uma alegria para seus iguais e uma ameaça para o bem-estar de todos.

Quem sente dentro de si uma tendência a esse tipo de posicionamento ideológico deve se perguntar de onde vem o desejo de cultivar o autoritarismo e de onde vem a crença no valor do poder da autoridade. Deve tentar se lembrar de que, quando chegar o momento de avaliar a vida que tivermos vivido, a lembrança do bem que fizermos nos trará muito mais satisfação do que a evocação das ocasiões em que derrotamos os outros.

5 comentários:

Mariana disse...

Ola Dr. Py,
Adorei o que escreveu sobre autoritarismo. Sempre sofri este tipo de "abuso" e hoje vejo como isto interferiu e ainda interfere na minha vida.
Com meus filhos tento ser uma mae verdadeiramente companheira. Tento estar atenta a personalidade de cada um deles e sobre a real necessidade de falar nao. Penso que eles tem o direito de querer algo diferente do que proponho.
Muitas vezes vejo outras maes querendo mostrar como educam bem seus filhos se baseando em um autoritarismo que somente gera medo ao inves de respeito.
Moro em SP e quase tenho que me mudar para o Rio. Foi meu analista quem me mostrou o seu blog, acho que na tentativa de me acalmar que existiria uma boa continuacao da terapia...
Um abraco,
Mariana

Guilherme Fiuza disse...

Py,

Delícia de blog. Fui lendo e quase perdi a hora. Um perigo, isso.
Sugiro que além das crônicas atemporais, você aplique seu pensamento a fatos do cotidiano, como o atropelamento do skatista, os amores tumultuados da Luana e o instinto maternal (?) da Dilma...
abraço

Luiz Alberto Py disse...

Oi, Mariana.
Por favor, envie um abraço meu para seu analista. Morei durante cinco anos em São Paulo e é possível que eu nós nos conheçamos pessoalmente. Se não for inconveniente diga-me quem é ele.
Caso você precise mesmo vir para o Rio de Janeiro, garanto que encontrará diversos analistas aqui que poderão continuar sua terapia.
Um grande abraço para você.
Luiz Albeto Py

Luiz Alberto Py disse...

Querido Guilherme.
Grato por suas generosas palavras e inteligentes sugestões. Fiquei muito inclinado a criar um espaço no blog fazendo uma espécie de psicanálise do cotidiano brasileiro.
Estamos nos devendo um encontro. Abraço.

Mariana disse...

Meu analista e o Jacques Stifelman, grande pessoa e excelente profissional. Uma sorte de quem o encontra...
Por enquanto os planos de retorno ao Rio (morei durante 26 anos na Gavea) foram adiados...
Um grande abraco e parabens pelo blog. Adorei!