13/12/2010

ADIAR DESEJOS

Quando a humanidade descobriu a possibilidade da agricultura, deu um grande passo – talvez o maior de todos – no sentido da criação da civilização. A partir da atividade de plantar e colher, foi possível aos homens se instalarem em um lugar e ali viverem de forma permanente. Isso deu origem aos primeiros abrigos, às primeiras casas, que por vezes não passavam de cavernas, e às povoações, aldeias, vilas e cidades. Deixamos de ser nômades e nos transformamos em cidadãos, como indica a palavra – habitantes de cidades. O grande aprendizado se constitui na percepção de que existia uma forma de ampliar a quantidade de comida através do plantio. Essa relação de causa e efeito possibilitou aos seres humanos a compreensão de que o futuro podia ser planejado e modificado e que em vez de procurar apenas resultados imediatos de nossas ações, investir nos frutos de longo prazo era mais proveitoso.

Todas as crianças passam por esse mesmo aprendizado. No começo da vida, atendendo a uma demanda instintiva, buscamos a satisfação de nossos desejos no momento em que eles surgem. Aos poucos vamos aprendendo que é conveniente adiar a satisfação de alguns desejos. O primeiro treino das crianças se faz através do controle dos esfíncteres, aprendendo a esperar o momento certo para urinar e defecar. Junto vem a lição de que plantando agora colheremos depois. Essa convicção nos ajuda a suportar o sacrifício de assistir a uma aula cansativa em vez de escapulir do colégio para fazer um agradável passeio.

Todo o processo da humanidade foi possibilitado pela consciência de que se fazendo um sacrifício no momento presente obteríamos um melhor resultado futuro. Aprender a adiar ou a sacrificar prazeres em prol de realizações posteriores é a chave para o aprimoramento de todos nós.

Nenhum comentário: