06/09/2010

A LUZ QUE DISSIPA AS TREVAS

A esperança é um estado de espírito, é uma dimensão de nossa alma que não depende nem de observar o mundo nem de avaliar situações. A esperança não é uma adivinhação do futuro, é uma orientação do coração que vai além do mundo vivido diretamente e está ancorada em um lugar longínquo, transcendendo a realidade. Suas raízes se encontram em algum espaço místico.

A medida da esperança não é a medida da nossa alegria quanto ao bom andamento das coisas e da nossa vontade de investir em empreendimentos que levem ao sucesso. É a medida da nossa capacidade em nos empenhar por algo bom e não por um sucesso garantido. Quanto mais adversa for a situação na qual perseveramos com nossa esperança, tanto mais profunda será esta. Esperança não é otimismo, nem tampouco a convicção de que algo terá um final feliz. É a certeza de que devemos fazer algo que tem sentido, sem considerarmos como terminará.

Provavelmente é de uma fonte espiritual que captamos a mais profunda e importante esperança. Aquela que – contra tudo – é capaz de nos manter vivos, de nos estimular a fazer boas ações e que é responsável pela grandeza do espírito humano e de seus esforços. Esta esperança nos dá força para viver e para tentar experimentá-la de novo, mesmo quando as circunstâncias são desesperadoras. Na escuridão, a esperança é um raio de luz. Onde houver esperança, haverá vida.

(adaptado de um texto de Václav Havel, dramaturgo e político checo, ex presidente da Checoslováquia)

3 comentários:

Maris disse...

Oi, Doutor. Até alguns dias atrás eu tinha esperança e me sentia viva. Agora que não posso mais alimentar, perdi muito o sentido de viver. É uma experiência mt dura. Espero poder senti-la mais uma vez. Abraços!

Luiz Alberto Py disse...

Por vezes, a esperança, preciss mudar de foco. A vida continua e o sentido dela deve serpre estar sendo reformulado. Novas esperanças surgem e precisam ser acalentadas. As dores passam. Pode demorar, mas passam. É preciso ser paciente e cuidar apenas de sobreviver bem. Um dia o sol volta a brilhar. Sempre volta.

Maris disse...

Doutor, eu senti isso ontem...estava com a energia muito baixa devido à melancolia. Uma amiga minha que é budista veio me visitar e falou sobre alimentar a esperança pensando na minha felicidade, deixando as coisas boas virem, independente do foco antigo. Exatamente o que o sr. disse. Pois bem, comecei a acalentar ontem e cultivarei isso até onde me der de novo aquele bem-estar de antes. Ainda que seja tudo diferente. Obrigada!