03/08/2010

A MORAL E A DEMAGOGIA

Em nosso país a questão das drogas está sendo administrada de forma desastrosa pelas autoridades. Tratar um doente – o viciado, que basicamente faz mal apenas a si mesmo – como se fosse criminoso, não é apenas injusto como também estúpido. Tal atitude tem como conseqüência a estigmatização do mesmo afastando-o do convívio social, sem lhe oferecer qualquer possibilidade de recuperação. Se punir adiantasse alguma coisa, aqueles que sofreram os rigores da lei teriam se recuperado de seu vício, e isto não acontece.

A criminalização do consumidor de drogas não interessa à sociedade pois não contribui para a sua proteção, mas há quem dela extraia benefícios. Entre eles, além dos traficantes, encontram-se políticos que, criando um clima de pânico em relação às drogas ilícitas, procuram capitalizar as angústias da população se apresentando como defensores da moral em sua luta contra as vítimas do vício. É visível a demagogia e de suas argumentações em defesa da punição dos viciados, como se com isto fossem salvar as instituições do país e a família brasileira. Estes indivíduos sabotam as tentativas de modificar a legislação visando uma forma mais adequada de lidar com os viciados.

Por outro lado, instituições como os NA (narcóticos anônimos) que se ocupam bravamente, e com bastante êxito em muitos casos, em dar apoio a viciados e ajudá-los em seu processo de recuperação e os NAR-ANON que auxiliam e orientam as famílias no sentido de tentar recuperar o parente atingido pelo vício, conseguem suprir o vácuo deixado pelas autoridades. O grande mérito dessas organizações está no fato de que seus bons resultados são conseguidos pelo trabalho anônimo desenvolvido por pessoas que enfrentaram os mesmos problemas e conseguiram sucesso. Elas, por isto mesmo, as que merecem nossa admiração e nosso apoio.

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