14/02/2011

Recebi carta de uma leitora cujo anonimato preservo, como sempre.

"Bom dia!!!Estou muito frustrada, descobri que quando tem oportunidade meu marido entra no site de mulheres negras fazendo sexo anal. Ele quase não faz amor comigo, no maximo 3 vezes no mês quando eu procuro e reclamo. Ele diz que nenhum homen gosta de ser pressionado, tem muita desconfiança quando saio para o salão ou academia como se fosse ciumento."

Lembrei-me de um trecho de meu livro "Saber amar" onde abordo a questão relacionada com as pessoas que - como a leitora - usam a expressão "fazer amor" ao falar de sexo. A seguir o trecho mencionado:

Fazer amor

Uma boa parcela das dificuldades nos casamentos, namoros e relacionamentos amorosos em geral decorre do fato de que muita gente chama a relação sexual de "fazer amor". Amor se faz com gestos de carinho, atitudes de apreço, atenção e dedicação. Sexo é sexo, uma atividade fundamental que não deveria ser mencionada com eufemismos ou subterfúgios mas sim afirmada em toda sua importância.
As pessoas precisam parar de chamar a atividade sexual de “fazer amor” e passar a dar nome aos bois, ou seja, começar a usar palavras precisas para designar aquilo a que estão se referindo. Só assim se tornarão capazes de viver a sexualidade honestamente, como deve ser vivida. Precisão no uso das palavras é importante para evitar o auto-engano. Quando alguém escolhe palavras amenas para falar de sexo, está tentando controlar os próprios impulsos sexuais de forma racional, o que é um grave erro.
Sexo é emoção e instinto, pertence ao seu lado mais primitivo. Isto não quer dizer que você não deva aliar seus impulsos sexuais à sua afetividade. Ao contrário, o amor canaliza a emoção, harmonizando o lado intelectual da personalidade com os impulsos primitivos. Deixar o sexo e o amor fluírem juntos, sem medo, o ajudará a se tornar uma pessoa mais harmoniosa. Livre das repressões sociais e morais que negam a sexualidade, é possível vivenciar experiências indescritivelmente prazerosas.


Penso que quando a leitora encarar a atividade sexual como fazer sexo - tal como provavelmente fazem as mulheres do site favorito de seu marido - ela se tornará mais sedutora para com ele. Aqui vai minha recomendação: faça sexo a gosto, buscando atender as preferências de ambos. Creio que isto ajudará muito o relacionamento de vocês. Boa Sorte.

08/02/2011

Hoje escutei uma cliente falar de sua vontade de morrer. Negava que pretendesse se suicidar, dizia que acha uma agressão às pessoas próximas, mas não sentia a menor graça em viver. Afirmou que não era e nunca havia sido feliz e que nada na vida lhe interessava. Me veio à lembrança a sua recente briga com o filho e lhe disse que me parecia que esta briga tinha tido um efeito muito negativo sobre ela. Ela concordou e pensei em que coisas da vida me interessavam e me ocorreu que criar meus filhos pequenos e amá-los me motiva a viver. Penso mesmo que um novo filho fará recrudescer esse meu desejo de viver e até que tais coisas como amar e criar filhos é que dão sentido à vida. Pelo menos, ao amá-los atendemos a impulsos instintivos fundamentais.
Jabor hoje nos diz, pelo jornal, que a morte acontece, mas não existe, que só existe a vida. Legal! Também acho que a morte só existe em nossa imaginação. Se não pensarmos nela como algo de nossa vida ela desaparece. Na verdade a morte é apenas o ponto em que a vida acaba, mas em si é nada.

06/02/2011

Hoje tomei banho de mar. Para mim, nos anos 80, era programa de todo sábado e domingo. Depois foi perdendo a graça e por vezes passo anos sem ir à praia. Meu filho queria correr a praia do final do Leblon até o Arpoador. Ele saltou do carro no Posto 12 e fui esperá-lo, com minha mulher, no Posto 7. Com a dificuldade para encontrar vaga para o carro, ele chegou primeiro do que nós, o que mais uma vez demonstra a irracionalidade de se usar automóvel para se locomover em uma cidade como o Rio, ou na maioria das cidades grandes sujeitas a engarrafamentos e falta de espaço para estacionar.
Levei a sunga já contando com a possibilidade de querer experimentar o mar. Quando encontramos meu filho me desvencilhei da bermuda e caímos no mar do Arpoador. Ondas fortes, água limpa e com temperatura amena, perfeito. Ficamos bons minutos me desviando das ondas, por vezes nadando para fora da arrebentação, não havia correntes e senti o mar acolhedor. Minhas lembranças desciam ao tempo em que minha mãe levava a mim e meu irmão de bonde, do Flamengo, onde morávamos, até Copacabana para banhos de mar diários no verão. Minha preferência era pelo Posto 6, onde as águas eram mansas e nadar era fácil e prazeroso.
Depois, já adolescente e morando em Copacabana, aprendi lições de vida convivendo com o mar. Dois ensinamentos foram valiosos: aceitar que o mar é muito mais forte e, portanto, respeitá-lo. E não me opor à sua força, mas contorná-la pacientemente. Quando a corrente nos pegava e levava não adiantava nadar contra ela. A gente se cansava e não saía do mesmo lugar. A única solução era se deixar levar e ir, aos poucos, saindo de lado. Exigia calma e só conseguíamos voltar à areia muito tempo depois e bem longe do ponto onde estávamos. Mas a gente voltava e estava pronto para entrar na água outra vez. E quando as ondas, na arrebentação, nos derrubavam, o jeito era mergulhar e ficar quietinho no fundo esperando elas passarem e o mar se acalmar.
Muito mais tarde compreendi que nossas emoções são uma pujante força da natureza. Nosso coração nos leva, como a corrente marítima, e nos derruba, como as ondas arrebentando na praia. É preciso saber esperar e aprender a sair de lado, aos poucos. Respeitar não significa concordar ou ficar submisso, mas reconhecer a intensidade de nossos sentimentos para poder lidar com eles. A emoção é o nosso motor, sem ela ficamos parados. Sem a razão que a oriente, a emoção nos faz mover sem direção. A razão é o leme, que dá direção aos nossos sentimentos e deve comandar nossa vida afetiva usando os recursos de inteligência que possuímos. Ela sozinha não pode nos mover, é necessário que a emoção nos impulsione. Só assim se pode chegar à felicidade.
Do Arpoador assistimos ao pôr-do-sol, sempre um espetáculo deslumbrante. Minha mulher comentou que não precisávamos ir para Punta del Este ou Torres no Rio Grande do Sul, onde ultimamente estivemos, para esta contemplação. Meu único argumento foi que haviam sido oportunidades de estar com amigos queridos tanto em Punta quanto em Torres e também no por do sol do Guaíba em Porto Alegre. Mas o pôr-do-sol do Arpoador é melhor. Não tanto por ser mais bonito, enfeitado pelas altas montanhas – Pedra Bonita, Gávea, Dois Irmãos – mas pela animação da platéia, uma enorme multidão, na praia e na pedra do Arpoador aplaudindo demoradamente a desaparição do sol no oceano. Pequenas coisas que tornam a vida melhor.

01/02/2011

A DOENÇA CHAMADA CIÚME

Reconhecer os próprios defeitos (insegurança, possessividade e ciúmes descontrolados) e perceber que a solução está em amar e ser amado é um bom caminho para a felicidade a dois. Questionar-se a respeito da razão do medo de perder o outro e lembrar-se de que ele estar conosco é uma escolha dele também ajuda. Observar que as manifestações do próprio ciúme em nada ajudam a melhorar a situação e que pegar no pé dele só pode ajudar a afastá-lo pode ser útil para lidar com o ciúme. Por que não procurar confiar no amor do parceiro e tentar amá-lo de forma relaxada, descontraída?

A melhor maneira de superar o ciúme é não dar importância a ele. Sempre que as pessoas se relacionam amorosamente, estão se sujeitando à possibilidade do parceiro ter um envolvimento com outra pessoa. Se isto incomodar demais, fica difícil casar, a não ser que o ciumento se iluda acreditando na certeza da fidelidade do outro. A única solução é confiar na própria capacidade de superar eventuais infidelidades.

Os ciumentos costumam ter a ilusão de que se controlarem o parceiro poderão ficar protegidos contra a traição e por isto dispender tempo e energia nessa tarefa inútil e ridícula. O ciúme é um sentimento natural e inevitável. Mas devemos combatê-lo por ser irracional e prejudicial às relações amorosas. O ciúme precisa estar sempre sob nosso controle. Não devemos nunca nos deixar controlar por ele. Quando a pessoa perde o controle sobre seu ciúme se torna um ciumento e age de forma doentia, com o seu companheiro. Ciúme descontrolado é uma doença, e difícil de ser tratada.